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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Almas Gêmeas


Almas gêmeas descobrem-se..
Almas gêmeas amam-se...
Almas gêmeas vivem...
Assim são as almas gêmeas, exigem-se
quando não pode exigir, aceitam se
E nessa aceitação,
Vivem, esperam,
e aquietam o coração,
entregando-se à doce sensação
a que esta descoberta vai levar,
fazendo dois corações a se amar...
Assim são as almas gêmeas,
quando se encontram...
Falam sem se falar,
entendem-se sem se olhar,
vêem-se sem se ver,
sempre podem se perceber...
Nesse doce encontrar,
terminam por se amar...


Marcial Salaverry

M@ria

Ventos de Agosto


Passaram os ventos de agosto, levando tudo.
As árvores humilhadas bateram, bateram com os ramos no chão.
Voaram telhados, voaram andaimes, voaram coisas imensas;
os ninhos que os homens não viram nos galhos,
e uma esperança que ninguém viu, num coração.

Passaram os ventos de agosto, terríveis, por dentro da noite.
Em todos os sonos pisou, quebrando-os, o seu tropel.
Mas, sobre a paisagem cansada da aventura excessiva -
sem forma e sem eco,
o sol encontrou as crianças procurando outra vez o vento
para soltarem papagaios de papel.

Cecilia Meireles

M@ria

Minha Sombra

Tranqüila sombra
que me acompanhas,
em pedras rojas,
no ar te levantas,
acompanhando
meus movimentos,
pisada e escrava
por tanto tempo!

Vejo-te e choro
da companhia:
que nem sou tua
nem tu és minha.
E me pertences
e te pertenço,
mais do que à vida
e ao pensamento.

Sombra por sombra
toda abraçada,
levo-te como
anjo da guarda.

Tens tudo quanto
me quero e penso:
- frágil, exata.
(Amor. Silêncio.)

Ao despedir-me
do mundo humano
sei que te extingues
sem voz nem pranto,
no mesmo dia.
Preito como esse
tu, só, me rendes,
sombra que tinha!

Imensa pena,
que assim te deixe,
- ó companheira, -
sem companhia! ...

(Cecília Meireles)

RMoon

Assovio


Ninguém abriu a sua porta
para ver o que aconteceu:
Saímos de braços dado
a noite escura mais eu.

Ela não sabe o meu rumo,
eu não lhe pergunto o seu:
não posso perder mais nada,
se o que houve já se perdeu

Vou pelo braço da noite,
levando tudo que é meu:
- a dor que os homens me deram,
e a canção que DEUS me deu.

Cecília Meireles

M@ria

O rumo do vento


Vamos deixar
o barco seguir
o rumo do vento...

Porque, neste momento,
quero compartilhar
com você.

Pensar em você!
Sentir você!
Tocar em você!

Seja com o carinho
das palavras ou
com o calor dos penamentos!


Mauricio Chila Freyesleben

M@ria

domingo, 30 de agosto de 2009

O segredo é amar.

Amar a Vida com tudo o que há de bom e mau em nós.
Amar a hora breve e apetecida,
ouvir todos os sons em cada voz
e ver todos os céus em cada olhar.

Amar por mil razões e sem razão.
Amar, só por amar, com os nervos, o sangue, o coração.
Viver em cada instante a eternidade
e ver, na própria sombra, claridade.

O segredo é amar, mas amar com prazer,
sem limites, fronteiras, horizonte.
Beber em cada fonte, florir em cada flor, nascer em cada ninho,
sorver a terra inteira como um vinho.

Amar o ramo em flor que há-de nascer
de cada obscura, tímida raiz.
Amar em cada pedra, em cada ser,
São Francisco de Assis.

Amar o tronco, a folha verde,
amar cada alegria, cada mágoa,
pois um beijo de amor jamais se perde
e cedo refloresce em pão, em água!

(Fernanda de Castro)

RMoon

sábado, 29 de agosto de 2009

ANJO OU MULHER?



É linda essa figura, qual, no céu,
Um anjo em destaque dentre um véu.
A pele bem rosácea sobre o branco,
Véu branco que a cerca como um manto.

O manto, num diáfono tecido,
Seu corpo, o mantém semi vestido.
Envolto nesse manto de voal,
Qual fosse, mesmo, um ser celestial!

Parece vir do espaço, essa gravura,
Imagem que, etérea, divinal,
Nos veio lá dos céus, angelical! Fernando Pessoa

Porém é de mulher sua postura.
Lasciva, provocante, a criatura,
Também, um paradoxo...sensual!

Manoel Virgílio

M@ria

Perfil sob medida


Não. Não quero o negativo.
Quero livre os meus sentidos,
quero a rosa ainda em botão,
acordar sorrindo,
ver algo banal, e achar isso e tal.
.
Quero a descomplicação da vida,
o abraço, a acolhida.
Segui andando, cair e levantar,
errar e acertar...
tudo dentro da medida.
.
Não pensar no errado,
se isso e aquilo pode ser pecado,
que a pureza me guie o coração,
e que ele comande a minha mão,
ajudando a trabalhar a união.
.
Quero aquele beijo desejado,
o abraço apertado,
gritar alto uma canção...
tropeçando na risada,
rir da minha cara engraçada.
.
Ri junto, ri solto, ri feliz...
Ser tudo, tudo e mais um pouco,
gostar de ser essa pessoa sob medida,
gostar dessa vida,
gostar de ser realmente feliz.
.
Betânia Uchôa

M@ria

Expressão

A arte é a expressão plástica do espírito
E o meu, livre, infinito e criativo manifesta-se com o ar
Como um grande véu nas mãos a dançar no vento
Muda suas formas, muda de direção sem hesitar.

É urgente, mas sabe esperar quando há calmaria
É fino, sutil, mas tecido por fibras fortes...
Não se aprisiona, dança a melodia dos ventos
Vaga pelo céu e chão...
Suja-se de lodo e é purificado pelas chuvas...
É pisado, acariciado...
Envolvente e aconchegante.

Meu espírito dança, voa, rodopia.
Cria e recria-se diariamente...
Cria laços, elos, nós.
Quanto mais forte mais brilha
Se tão só, desatina.

O só não é a falta de presença
Mas a presente falta de si mesmo.
E toda falta é sombria, seca, vazia.
A vida é a arte de estarmos cheios, de nós mesmos.

Estou me habitando.
Sou minha melhor inquilina...
E em mim, só entra quem eu deixar.
Teço a teia de minha própria vida; hoje, sem nós.

Minha expressão é a melhor
É moldada pelas estrelas, vento e chuva
É a expressão mais pura
Antiga e sagrada canção de adoração em coro
De muitas almas e vidas que, em equilíbrio,
Fazem de um pano velho, virar ouro.

(Carolina Salcides)

RMoon

Caminho a teu lado mudo


Caminho a teu lado mudo
Sentes-me, vês-me alheado ...
Perguntas: Sim... Não ... Não sei...
Tenho saudades de tudo...
Até, porque está passado,
Do próprio mal que passei.
Sim, hoje é um dia feliz.
Será, não será, por certo
Num princípio não sei que
Há um sentido que me diz
Que isto — o céu longe e nós perto
É só a sombra do que é ...

E lembro-me em meia-amargura
Do passado, do distante, E tudo me é solidão ...
Que fui nessa morte escura?
Quem sou neste morto instante?
Não perguntes ... Tudo é vão.

Fernando Pessoa

M@ria

Teu olhar


Tem um brilho oculto...
Na luz de seus olhos,
Tem um olhar deslumbrante
Um grito, um vulto...
Tem um sol em seu rosto,
Um sorriso voráz,
Um Amor, um desgosto,
Um bem que me faz...

Que bem que me faz...
esse brilho no teu olhar...
dor, mistério, encanto e magia...
raios de luar em noite estrelada...
a paz pro meu coração tão sonhada!


Mando Mago Poeta / Denise Flor©

M@ria

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Amor e seu tempo

Amor é privilégio de maduros
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.

É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe

valendo a pena e o preço terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.

Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.

(Carlos Drummond de Andrade)

RMoon

Livro do meu amor


"Livro do meu amor, do teu amor,
Livro do nosso amor, do nosso peito...

Abre-lhe as folhas devagar, com jeito,
Como se fossem pétalas de flor.

Olha que eu outro já não sei compor
Mais santamente triste, mais perfeito
Não esfolhes os lírios com que é feito
Que outros não tenho em meu jardim de dor!

Livro de mais ninguém! Só meu! Só teu!

Num sorriso tu dizes e digo eu:
Versos só nossos mas que lindo sois!

Ah! Meu amor! Mas quanta, quanta gente
Dirá, fechando o livro docemente:

Versos só nossos, só de nós dois!..."


(Florbela Espanca)

M@ria

Metáfora da Estrela


Preciso navegar na flor dos ventos.
Sem rios sou poesia de concreto
e perco a rima maga do quarteto,
que chega à minha foz a passos lentos.
Preciso naufragar no branco e preto.
Sem eles perco o sol e os pigmentos
que enfeitam as palavras e os acentos,
da mágica das linhas do soneto.
Preciso dos silêncios de uma estrela!
Sem eles sei, jamais posso revê-la,
e a estrada perde o encanto da alvorada...
E sigo a perseguir essa metáfora!
O tempo passa e nunca mudo a tática,
pois sei que na palavra encontro a estrada.

(Nathan de Castro)

M@ria

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Presença

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...

É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...

Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...

Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

(Mario Quintana)

RMoon

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Semeando poesias


Hoje o dia
amanheceu devagar
de longe vejo o sol
matreiro se esticando
com preguiça no céu

Semearei poesias
nos vasos azuis
carentes de flores
de cores
de sabores
de amores
esquecidos embaixo
da minha janela

Quando anoitecer
voltarei com o luar
para colher gotas
da fragrância doce
de seus carinhos

Van Albuquerque

M@ria

Passos do Amor..


Não sei onde o amor me espera
Sei que cruzo as pedras da vida
Aventurando-me nos acasos!

Não me preocupo com tempo
Apenas com os meus passos
Pra que não sejam vãos
Pra que não sejam escassos!

Que um dia eu possa dizer:
Encontrei um grande amor!

A coragem não me faltou
Venceu-me pelo cansaço
A valentia me presenteou
Conduzindo meu caminho
Na direção do seu abraço!

(Andrea Lucia)

M@ria
Quero uma solidão,
quero um silêncio,
uma noite de abismo e a alma inconsútil,
para esquecer que vivo,
libertar-me das paredes,
de tudo o que aprisiona,vencer tempos pululantes de enredos e tropeços, quebrar limites, extinguir murmúrios, deixar cair as frívolas colunas de alegorias vagamente erguidas.
Ser tua sombra, tua sombra, apenas, e estar vendo e sonhando à tua sombra,a existência do amor ressuscitada.
Falar contigo pelo deserto.

(Cecília Meireles)

RMoon

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Soneto da Fidelidade


De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor ( que tive ) :
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinícius de Morais

M@ria

Compro Um Jardim


Cecília vendeu o dela
Eu quero comprar um pra mim
Um jardim com muitas flores
Com verde e todas as cores
Compro um jardim bem tratado
Com coqueiros e samambaias
Com cercaduras bonitas
Feitas de pingo de ouro
Nossa! Será que encontro?
Deve valer um tesouro.
Quero que tenha pedrinhas
Pequenas e também maiores
Também que tenha banquinhos
Para acolher os amores.

Denise Pires

M@ria

Há tudo em mim!


O que há no meu coração?
Amor!
Uma sede infinita de amar, de viver...
Amor de mais!
Amor para essa vida
E para todas outras mais.
Amor para toda gente
Amor por toda parte.
Há em mim um furacão de emoções...
A calmaria vem depois.
Depois que amo muito
Que choro muito
Que rio, danço
Muito, muito.
Que beijo o beijo de uma vida
Em apenas um segundo.
O que há então em mim?
Há tudo meu bem!
Todas mulheres, todos desejos
Todas as sensações
Gostos, medos
Todas emoções.
Há tudo em mim.
Tudo!
Há um todo sem fim lá no fundo
Sacudindo por dentro meu mundo...
Fazendo-me sair de mim.

(Carolina Salcides)

M@ria

Dez chamamentos ao amigo

Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse

Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.

Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta

Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.

(Hilda Hilst)

RMoon

Meditar


Fecho os olhos para meditar,
sinto meu ser se expandir,
vagueio por mundos que nunca vi,
que só em meus sonhos devem existir,
vôo alto, abro minhas asas,
plano no ar como as águias,
ligeira aterriso como uma flecha,
corro então pela floresta,
desdobro-me como uma flor,
retiro de mim, o mais puro amor,
viro essência divina,
liberta na luz que me ilumina.


Marta Cristina

M@ria

Retrato


Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?


Cecília Meireles

M@ria

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Dormirei para avistar-te

Dormirei para avistar-te
correndo a vida de pedra
como a água que vem da mata
clara e certa.

Dormirei para escutar-te
cantar sobre a noite negra
tua voz iluminada,
áureo cometa.

Dormirei sobre saudades
vendo ser lágrima e estrela
o que não tem mais resposta,
vida ou terra.

Domirei sobre estes sonhos,
enquanto a manhã não chega.
Enquanto não sonho o dia:
noite secreta.

(Cecília Meireles)

RMoon

Canção do dia de sempre


Tão bom viver dia a dia...
A vida, assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como essas nuvens do céu...
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...

Mário Quintana

M@ria

'O que eu amo'




Amo o silêncio dos lagos,
A viração das campinas,
Amo o céu, a paz dos ermos
E as estrelas peregrinas.

Amo a vida, o espaço, o sol,
A esperança que suponho
Ser minha eterna guarida
Nos trigais loiros do sonho.

Amo as aves intranqüilas,
Nos bosques cantando amores,
Amo a linda primavera
Que traz sonhos, sons e flores.

Amo o remanso das noite,
A nostalgia do luar,
Também amo as pequeninas
Estrelas do teu olhar.


Zoraide Leonel Ferreira

M@ria

domingo, 23 de agosto de 2009

Alta Tensão

Eu gosto dos venenos mais lentos,
dos cafés mais amargos,
das bebidas mais fortes,
e tenho apetites vorazes,
uns rapazes,
que vejo passar,
eu sonho,
os delírios mais soltos,
e os gestos mais loucos,
que há e sinto
uns desejos vulgares,
navegar por uns mares de lá
você pode me empurrar pro precipício,
não me importo com isso,
eu adoro voar."

(Clarice Lispector)

RMoon

RESSURGIMENTO


Ganhei uma rosa
Leve como uma forma,
Breve como uma linha,
Fina como a esperança,
Bela como o mármore,
Donzela como aurora,
Champanhe como o arroubo.

Ganhei uma rosa
Feita de brisa lenta,
Assim, como um alívio;
Feita de folhas virgens
Assim como uma viagem.

Ganhei uma rosa
Feita de muitos versos,
Versos de despedida.

Ganhei uma rosa,
com ela seus espinhos.


Oswaldo Antônio Begiato

M@ria

A poesia


A poesia fala por mim,
Fala da beleza que vejo,
Do amor que sinto
E até do meu desassossego.
.
A poesia fala por você,
Das suas carências e medos,
Fala de seus sentimentos,
e do seu lado sincero e verdadeiro.
.
A poesia fala por todos,
Dos Seus clamores e anseios,
Dos desejos de paz e felicidade,
Fala do amor gerando mais amor.
.
A poesia é o pensamento alheio,
Transcritos nas folhas de papel,
Nas linhas e mais linhas...
Das letras que dançam, fazendo canção.
.
A poesia é a nossa história,
Contada em versos e rimas,
Fazendo brilhar o que vai no olhar...
Sentimentos... coração...


Betânia Uchoa

M@ria

sábado, 22 de agosto de 2009

Você é meu pecado

Você é meu pecado
Consegue me tirar do chão
O teu coração alado
Faz com que eu perca a razão.

Teu corpo de mulher
Teu jeito de menina
Obtém de mim o que bem quer
Tem um poder que me fascina.

Sua manha me seduz
E meu corpo a ti conduz
Minha alma fica entregue
Tudo de mim você consegue.

Você tem uma beleza
Que embriaga meu coração
Tem o olhar de uma princesa
Sou um súdito em tuas mãos.

(Ataíde Lemos)

RMoon

Encanto em teu olhar


Perco-me na beleza que sai de teu olhar
São como luzes que reluz em meu coração.
São suaves, são meigos como uma canção
Ouvida numa noite romântica ao luar.

São belos como o encanto de uma flor
Que se destaca entre todas no jardim
Pela sua formosura e perfume. Enfim
São belos, como é belo o amor.

Teus olhos fazem-me viajar por toda emoção
Transbordando de alegria meus sentimentos
Fazendo-me viver maravilhosos momentos.

Ah! É difícil descrever em palavras
O fascínio que possui em mim teu olhar
Nele há uma magia o qual me faz sonhar.

Ataíde Lemos

M@ria

Ainda


Não saberia dizer-te...
Contráriando quem
se vai, avesso por dentro,
esperando notícias...
Esperando que algum dia,
em algum momento
ainda apareça...
estarei aqui,
ainda não aprendi
a ir embora de mim.

Arruda Bonfáh

M@ria

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Coração sem Imagens

Deito fora as imagens,
Sem ti para que me servem
as imagens?

Preciso habituar-me
a substituir-te
pelo vento,
que está em toda a parte
e cuja direcção
é igualmente passageira
e verídica.

Preciso habituar-me ao eco dos teus passos
numa casa deserta,
ao trémulo vigor de todos os teus gestos
invisíveis,
à canção que tu cantas e que mais ninguém ouve
a não ser eu.

Serei feliz sem as imagens.
As imagens não dão
felicidade a ninguém.

Era mais difícil perder-te,
e, no entanto, perdi-te.

Era mais difícil inventar-te,
e eu te inventei.

Posso passar sem as imagens
assim como posso
passar sem ti.

E hei-de ser feliz ainda que
isso não seja ser feliz.

(Raul de Carvalho)

RMoon

CREPÚSCULO


Quero expor meus versos
Abrir o peito e entregar-me a devaneios
Mas, tenho e peso da inércia
Que contorna as curvas do pensamento

Aprumo o leme e inflo as velas
Serpenteio em altas ondas
Na tentativa de tomar meu rumo

Ah! Oceano profundo
Indomável força que aprisiona
Seque tuas marés... espelhe tuas águas

No crepúsculo da alma
Dentro de um extinto vulcão
Das letras tomo posse... dos versos faço meus
E quando a noite vem, me cubro de poesia

Ruth Maria Perrella

M@ria

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

SOBRE UM DITADO ANTIGO


Vou dizer de novo o que disseram
Para que a mente nunca esqueça
Que um dia, folhas, nossos lábios se fizeram
Relva, céu veloz, veludo e névoa espessa.

Essa fumaça no vazio é parecida
com a outra que, vida,
dura como dura o raio, quartzo
que uma pupila dilata e irradia.

Quem diria, por exemplo,
que sob a carne do incenso,
no durame da tarde,
o sândalo respira
sem fazer nenhum escândalo.


Poemas de Rodrigo Garcia Lopes

M@ria

Que é - simpatia


Simpatia - é o sentimento
Que nasce num só momento,
Sincero, no coração;
São dois olhares acesos
Bem juntos, unidos, presos
Numa mágica atração.


Simpatia - são dois galhos
Banhados de bons orvalhos
Nas mangueiras do jardim;
Bem longe às vezes nascidos,
Mas que se juntam crescidos
E que se abraçam por fim.


São duas almas bem gêmeas
Que riem no mesmo riso,
Que choram nos mesmos ais;
São vozes de dois amantes,
Duas liras semelhantes,
Ou dois poemas iguais.


Simpatia - meu anjinho,
É o canto de passarinho,
É o doce aroma da flor;
São nuvens dum céu d'agosto
É o que m'inspira teu rosto...
- Simpatia - é quase amor!

Casimiro de Abreu

M@ria

Carta de Saudade

Entrego-me tanto
E com tanta força ao irreal
Que quando tenho um “mal súbito“
de realidade...
(podem chamar de saudade...)
Amarga-me a boca de imediato
Respiro devagar...
Tenho um medo enorme
que alguém descubra
algo que nem eu quero saber...
E se eu não for imortal?
E se você não me ama?
E muito pior...
se eu não tenho amor por você?
Deixa eu fechar os olhos um pouco...
Deixa tudo quieto um pouco...
Já tive algumas perdas antes...
São doloridas...
Mas deixa eu sentir essa dor com a mesma
urgência e volume que deixo tudo
Acumular-se em mim...
Deixa...
Daqui a pouco tudo isso passa...
E eu começo a enxergar tudo
em tons de lilás e azul
que não desbotam nunca...

(Luciano Lopes - Lupi)

RMoon

Tua Gêmea Estrada

Teus olhos, n'um sorriso imenso, abriram-me este
Dia! Pensado silêncio, mas... A alva do teu gesto
Neste domingo qualquer, mudou-me a coreografia
Cerziu-me novas nuanças... Arco-íris manifesto!

No trigal das palavras tuas, o pão do meu coração
Alimentaste minha jornada... Na seiva dos teus
Sentimentos perfumei a alma minha, despedi
Trapos e cinzas, espelhos do turvo nada...

Que me assombram o espírito se tu não estás
Aqui, se tua aurora não fala todo o resto se cala
Me morro, entre os parênteses de ti! Olhe...

Tome em tuas mãos minhas domingueiras cores! Beba
Embriague-se das gargalhadas, vice tua boca nas sílabas
Dos beijos meus, acaricie-me os pensamentos, mais...

Uma vez e uma vez mais, sem esquecer jamais, sou tua
.................................. Gêmea Estrada!

(Iza Klipel)

RMoon

MADRUGADA NO CAMPO


Com que doçura essas brisa penteia
a verde seda fina do arrozal -
Nem cílios, nem pluma,
nem lume de lânguida lua,
Nem o suspiro do cristal.

Com que doçura a transparente aurora
tece na fina seda do arrozal
aéreos desenhos de orvalho!
Nem lágrima, nem pérola,
nem íris de cristal...

Com que doçura as borboletas brancas
prendem os fios verdes do arrozal
com seus leves laços!
Nem dedos, nem pétalas
nem frio aroma de anis em cristal

Com que doçura o pássaro imprevisto
de longe tomba no verde arrozal!
- Caído céu, flor azul, estrela última:
súbito sussurro e eco de cristal

Cecília Meireles

M@ria

Asas e Azares


Voar com a asa ferida?
Abram alas quando eu falo.
Que mais que eu fiz na vida?
Fiz, pequeno, quando o tempo
estava todo ao meu lado
e o que se chama passado,
passatempo, pesadelo,
só me existia nos livros.
Fiz, depois, dono de mim,
quando tive que escolher
entre um abismo, o começo,
e essa história sem fim.
Asa ferida, asa ferida,
meu espaço, meu herói.
A asa arde. Voar, isso não dói.

Leminski

M@ria

Poema cor de mar


Quero ter motivos
para sentir saudades
barulhenta do verde
que os teus olhos guardam,
do encanto tecido sem tramas,
alinhavado pelo tempo

O teu silêncio circunstancial
me assegura que,
és a minha última fantasia
como âncoras sem liames

São ritos antigos que desato
histórias vividas e não contadas
urgindo amar a vida e mais nada

Conceição Bentes

M@ria

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Não fiz o que mais queria.
Nem há tempo de cantar.
Basta que fiquem suspiros
na boca do mar.

Basta que lágrimas fiquem
nos olhos do vento.
Não fiz o que mais queria
e assim me lamento.

E a minha pena é tão minha,
quem a pode consolar?
Chorava caminhos claros
noutro lugar.

Chorava belos desertos
felizes de pensamento.
Mas a alma é de asas velozes
e o mundo é lento.

(Cecília Meireles)


RMoon

SILÊNCIO


Cala!
não fala agora
ouve o silêncio
numa atitude de entrega
dá vazão aos teus sentidos
tudo emudece...
Placidamente, o tule multicor
do crepúsculo leve
feito pó de cristal.
escorre sobre si mesmo
A tarde agoniza
dilui-se à luz dourada
sonhando estrelas
nos braços da paz
o silêncio se oferta
o brilho no olhar
partículas da nossa essência.

(Ana Wagner)

M@ria

Verdes reinos encantados


Seremos ainda românticos
- e entraremos na densa mata,
em busca de flores de prata,
de aéreos, invisíveis cânticos.

Nas pedras, à sombra, sentados,
respiraremos a frescura
dos verdes reinos encantados
das lianas e da fonte pura.

E tão românticos seremos,
de tão magoado romantismo,
que as folhas dos galhos supremos
que se desprenderem no abismo

pousarão na nossa memória
- secas borboletas caídas -
e choraremos sua história,
resumo de todas as vidas.

Cecília Meireles

M@ria

*Sou Assim*


A constante espera do acerto
o defeito da busca de mais,
o confronto de tudo; inexato...
sou o fato fugindo dos ais

Sou a chave de seu teorema
estratagema de sua ilusão;
e perdido entre o fim e o começo
sou o tropeço de sua aversão...

Sou a deixa que você supõe
desacerto maquiado de bom,
sou a túnica que cobre seu corpo
sou o gosto que tem seu batom...

Sou de longe o que de perto sente
o presente que você não previa,
sou ausência rimando; carência
sou muito mais do que você imagina.

Marçal Filho

M@ria

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Trânsito

Tal qual me vês,
há séculos em mim:
números, nomes, o lugar dos mundos
e o poder do sem fim.

Inútil perguntar
por palavras que disse:
histórias vãs de circunstância,
coisas de desespero ou meiguice.

(Mísera concessão,
no trajeto que faço:
postal de viagem, endereço efêmero,
álibi para a sombra do meu passo…)

Começo mais além:
onde tudo isso acaba, e é solidão.
Onde se abraçam terra e céu, caladamente,
e nada mais precisa explicação.

(Cecília Meireles)

RMoon

AMOR...AMOR...


quando o mar tem mais segredo
não é quando ele se agita
nem é quando é tempestade
nem é quando é ventania
quando o mar tem mais segredo
é quando é calmaria

quando o amor tem mais perigo
não é quando ele se arrisca
nem é quando ele se ausenta
nem quando eu me desespero
quando o amor tem mais perigo
é quando ele é sincero

.Cacaso

M@ria

Primavera


Primavera é a estação
em que deitas na relva
e ficas a me perguntar
os nomes das flores.
Eu olho para o céu em
busca de inspiração
e recito todos os nomes
que já ouvi, misturando
flores e passarinhos.
E você sorri encantada
e diz que sou sedutor
como sol de primavera.

Álvaro Bastos

M@ria