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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

BAGAGEM


Deixo minha bagagem e vou só,
Não quero acompanhante na travessia,
Sou a dor que se esvai aos poucos
Quero descanso na minha vida.
.
Nos meandros que me embrenhei
Não saio dos labirintos,
São estranhas curvas no caminho
É o passado que grita sem ouvido.
.
Nostálgica poesia de minha alma
Formada de lembranças perdidas,
Presente estático na memória
Futuro sem ter como andar sozinha.
.
Assim os caminhos vão se perdendo
Nas curvas que a vida faz,
Meu coração fere de saudade
De um tempo que não volta atrás.
.

MÁRCIA ROCHA

M@ria

Hoje, ao acordar, logo olhei pela janela...
Vi flores tão lindas, tal qual lúcida quimera
E uma borboleta no papel de sentinela,
A mim anunciava: Já chegou a primavera!

E assim abriu suas asas, bocejando uma canção,
Voou à minha frente, acompanhei com meu olhar.
O desenho de suas asas, tão perfeito em seu padrão,
Lembrava-me os lírios e a sua perfeição.

Orquídeas,girassóis, tulipas, lindas rosas,
Crisântemos tão sérios, hortências mais dengosas,
Margaridas lindas, violetas majestosas,

Dançavam pros meus olhos, e encantavam minha vista,
Fazendo-me entender que esta cena imprevista,
Era um prenúncio bom! A obra-prima de um Artista.


Wesley de Andrade

M@ria

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Carta


Acabou! E agora penso no que farei
com tuas coisas, das cartas de amor
que lia sentado sozinho ao pé da cama.
Do perfume que ficou pelo resto da casa,
no jardim que você passeava e teus cabelos
enfeitavas com as rosas que plantei. Você
deixou muitas marcas, mudou meu mundo
quando mais precisei, só não deixou explicado
o que fazer com essa dor que ficou em mim.

Arruda Bonfáh

PRETÉRITO PERFEITO


Dois dias
e foi armada a confusão.

Nem idéias estúpidas se moveram
nem as fortes tensões,
interromperam um só pensamento.
Nem as explosões salvaram o mundo
só a vida justifica o fim de todos vocês.
Se nada se entende...
- O amor não vem de forma fácil !


(Cibele Camargo - do Livro "A Vida Além da Sua")

terça-feira, 10 de novembro de 2009

PAI NOSSO - porque há crianças... -


Pai nosso, Pai de toda a criançada,
estás longe no céu, por qual razão?
Te assusta tanta vida aniquilada,
Te agride ver a infância sem ter pão?

Do céu, ouves a mãe desempregada,
que implora por Tua Graça e Compaixão,
pra que a família seja alimentada
e os filhos tenham teto e educação?

Escutas a menina que é estuprada,
gritando de terror, dor, solidão?
E o jovem, cuja vida é ameaçada,
pra que seja, do tráfico, avião?

Tens visto que há criança escravizada
e, por salário, só ganha um tostão?
E aquela, que a chuva deixa assustada,
pois teme vá ao chão seu barracão?

Pai nosso, tanta coisa está errada...
Falta respeito, falta proteção...
Deixa, um pouquinho só, Tua morada,
vem cá, os filhos Teus estão sem chão!


Patrícia Neme

M@ria

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Eu sem você:


O sol sem a lua.
O inverno sem o frio.
O verão sem o calor.
A primavera sem as flores.
O outono sem o cair das folhas.
O mar sem os peixes.
O pomar sem os frutos.
A música sem a orquestra.
O poeta sem a poesia.
A tela sem o pincel.
O arco-íris sem as cores.
O amigo sem a amizade.
O Criador sem a criatura.


Sol Pereira

M@ria

O Retorno


Suavemente o sol se despede
Bocejam casuarinas sonolentas
O dia anuncia a chegada da noite
E elas chegam antes do brilho do luar
Com a brisa suave sempre a cantar.

No vai e vem dos finos e longos galhos
Elas se acomodam... Aquietam
Minutos sobem outros descem
Numa sinfonia de ruídos... Alegres
Parecem que não vão agüentar.

Mas elas não param de chegar
Lindas... Leves como plumas a voar
Uma atrás da outra... Enfileiradas
Organizadas sem sequer atropelar
Prontas para repousar
Em suas camas iluminadas pelo luar.

Simplesmente peraltas... Elegantes
São as garças a se deitar
Talvez o tempo esteja a mudar... Quem sabe?
Mas mesmo assim elas retornam... Ao seu lar!
É da janela que assisto a tudo isso
Contemplando com um simples olhar!


(Cláudia Vidinhas)

M@ria

sábado, 7 de novembro de 2009

SOBERANA LUA


Faces e faces dita-me, ó lua
Tão soberana boiando no céu
Prateia meu mar de alma nua
Retira, toda noite, meu véu

Sob tua luz derramo a essência
Em versos de estrelas tão claras
Dito as fases da pré-existência
Da tua beleza; pérolas tão raras

Lua, soberana dama da noite
Teu brilho é furto do astro-rei
Amante do sol; amor de açoite
Em tuas fases sempre morarei..


(Lena Ferreira)

M@ria

Flores


A flor, gesto delicado,
surgiu da terra, cresceu.
E quando passaste ao lado
vi que a ti se ofereceu.
Tiraste a flor com cuidado
sob um céu cheio de cores,
e ao passares ao meu lado
senti ambos os odores,
e entendi, extasiado,
que agora eram duas flores...


Théo Drummond

M@ria

Que importa?

Eu era a desdenhosa, a indiferente.
Nunca sentira em mim o coração
Bater em violências de paixão,
Como bate no peito à outra gente.

Agora, olhas-me tu altivamente,
Sem sombra de desejo ou de emoção,
Enquanto as asas loiras da ilusão
Abrem dentro de mim ao sol nascente.

Minh'alma, a pedra, transformou-se em fonte;
Como nascida em carinhoso monte,
Toda ela é riso, e é frescura e graça!

Nela refresca a boca um só instante...
Que importa?... se o cansado viandante
Bebe em todas as fontes...quando passas?

(Florbela Espanca)

RMoon

Doce Certeza


Por essa vida fora hás-de adorar
Lindas mulheres, talvez; em ânsia louca,
Em infinito anseio hás de beijar
Estrelas d´ouro fulgindo em muita boca!

Hás de guardar em cofre perfumado
Cabelos d´ouro e risos de mulher,
Muito beijo d´amor apaixonado;
E não te lembrarás de mim sequer...

Hás de tecer uns sonhos delicados...
Hão de por muitos olhos magoados,
Os teus olhos de luz andar imersos!...

Mas nunca encontrarás p´la vida fora,
Amor assim como este amor que chora
Neste beijo d´amor que são meus versos!...


Florbela Espanca

M@ria

PÉTALAS?


Insisto em encontrar a estrela que apagou
Simplesmente chorou pétalas de flor
E resolveu adormecer distante.
Onde? Não a vi...
Caminhei pela areia, pés desnudos
E deparei com vestígios mudos.
Minha estrela caída, jazia
ao chão...
Mesmo assim percebeu meu perfume, cintilou carinhos
E suspirou enfim
Baixinho

Em minhas mãos a acolhi
Havia em si
Pétalas de mim...


Iveti Specorte

M@ria

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Quero-te



Quero-te
como se fosses água
em tardes em que o suor
molha a roupa
como se fosses ar
necessário, vital

como se querem os rubis
e as ametistas
ou as mansões em ilhas paradisíacas

quero-te de um jeito
que nem o sei bem
mas sei que só
há uma maneira
de querer tanto...
Amando-te.


(Sirlei L. Passolongo)

M@ria

O CANTO DO VENTO


vejo descortinar-se o grande
véu escuro que se adentra ao mar.
O açoite do vento,
o lamento do tempo,
o desafio de um vazio,
e feridas a curar...
No desequilíbrio do grande silêncio,
um sussurro a gritar.
Um murmúrio que geme,
uma mão que se estende,
uma voz a cantar...
E o breve brilho dos meus olhos,
buscam a um cais chegar.
Sem porto e sem norte,
vagando na sorte,
naufrago na morte,
que o tempo esqueceu de apagar!


o. Vasconcelos

M@ria

Poema

Imprimo no poema as minhas letras tatuadas,
letras vadias,
andarilhas,
ciganas sem baralhos
Imprimo a letra da poesia por dentro do ventre
e dentro das gavetas, à chave
Do poema, apenas imploro um olhar cheio de desejo,
que já sou lua
ou nem sei quem sou
Pássaro colorido o poema que voa
por sobre os céus da minha cabeça,
por sobre o céu da minha boca
E lá vou eu, mastigando as letras,
mastigando a palavra que nunca te disse,
passando a língua molhada em cada verso
de amor ou tristeza,
engolindo cada sílaba
como se sorve bebida, homem,
flor ou criança
Bandida, a poesia
que dorme e acorda morta de sono
e não me deixa dormir
e não me deixa viver
e não me deixa
Vem o poema e aperta o gatilho
e me fere no peito e me mata,
e me deixa mais tonta,
mais louca que sou
E te aceito assim, te quero assim,
poema de todas as formas
como bicho, vida, sol e chão

(Valéria Braga)

RMoon

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

MULHER


Apenas e tão somente...
Alguém presente...
Musa silente...
Meu poema em mente!
Ser superior...
Duto de amor...
Canteiro em flor...
Sonho a supor!
É assim que te vejo...
Mais que um desejo...
Paixão ou beijo...
Apenas almejo...
Falar-te em poesia!
Levar-te alegria...
Teu coração em folia...
Tal qual maresia...
E eu a te amar!


Santaroza

M@ria

Sou a Poesia

Sou seu sol
Sua lua, o vento
Ou mesmo a brisa mansa
Que suaviza no oportuno momento.

Sou seu sonho, seu pensamento
Sou alguém, algo
Sou parte de seu sentimento
Aquela que chega à ocasião certa
Mesmo sem hora marcada
Quando se sente descoberta
Precisando de uma palavra
Estou sempre a calhar

Te acalento, te tento
Provoco paz
Levanto perguntas
Ou dou-te respostas.
Deixo-te mais feliz
Dou-te palavras para seu dia,
Sou sua declamação
Quando as palavras não vêm
Ou quando elas voce não tem
Para declarar seu amor.
Sou sua emoção,
Sou a poesia.

(Ataíde Lemos)

RMoon

terça-feira, 3 de novembro de 2009

carinhos alados


as tuas curvas são melodias sonóricas
que esse meu coração oscila ao pulsar
e a invandir sensualmente as bocólicas
notas musicais pautadas no doce amar

despetalado e nos enchendo de glórias
semeadas pelo teu amor a me sussurrar
palavrões diatônicos mudando a história
de nossas vidas velejadas na brisa-mar

causando ciúmes amádos, despetalados
os seios da rosa espinhando o meu amor
totalmente sangrado, terno e desarmado


pelas operetas e pelos carinhos néctados
nos beijos roubados pelo cisne, beija-flor
Eu velejo tuas ondas. Eu, teu cavalo alado.


Sérgio, Beija-flor-poeta

M@ria

Margem


Tudo o que brilha na noite,
colares, olhos, astros,
serpentinas de fogos de cores,
brilha em teus braços de rio que se curva,
em teu pescoço de dia que desperta.

A fogueira que acendem na floresta,
o farol de pescoço de girafa,
o olho, girassol da insónia,
cansaram-se de esperar e perscrutar.

Apaga-te,
para brilhar não há como os olhos que nos vêem:
contempla-te em mim que te contemplo.
Dorme,
veludo de bosque,
musgo onde reclino a cabeça.

A noite com ondas azuis vai apagando estas palavras,
escritas com mão volúvel na palma do sonho.


Octavio Paz

M@ria

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Poema das Sete Faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus,
pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos , raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo,
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

(Carlos Drummond de Andrade)
RMoon