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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

BAGAGEM


Deixo minha bagagem e vou só,
Não quero acompanhante na travessia,
Sou a dor que se esvai aos poucos
Quero descanso na minha vida.
.
Nos meandros que me embrenhei
Não saio dos labirintos,
São estranhas curvas no caminho
É o passado que grita sem ouvido.
.
Nostálgica poesia de minha alma
Formada de lembranças perdidas,
Presente estático na memória
Futuro sem ter como andar sozinha.
.
Assim os caminhos vão se perdendo
Nas curvas que a vida faz,
Meu coração fere de saudade
De um tempo que não volta atrás.
.

MÁRCIA ROCHA

M@ria

Hoje, ao acordar, logo olhei pela janela...
Vi flores tão lindas, tal qual lúcida quimera
E uma borboleta no papel de sentinela,
A mim anunciava: Já chegou a primavera!

E assim abriu suas asas, bocejando uma canção,
Voou à minha frente, acompanhei com meu olhar.
O desenho de suas asas, tão perfeito em seu padrão,
Lembrava-me os lírios e a sua perfeição.

Orquídeas,girassóis, tulipas, lindas rosas,
Crisântemos tão sérios, hortências mais dengosas,
Margaridas lindas, violetas majestosas,

Dançavam pros meus olhos, e encantavam minha vista,
Fazendo-me entender que esta cena imprevista,
Era um prenúncio bom! A obra-prima de um Artista.


Wesley de Andrade

M@ria

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Carta


Acabou! E agora penso no que farei
com tuas coisas, das cartas de amor
que lia sentado sozinho ao pé da cama.
Do perfume que ficou pelo resto da casa,
no jardim que você passeava e teus cabelos
enfeitavas com as rosas que plantei. Você
deixou muitas marcas, mudou meu mundo
quando mais precisei, só não deixou explicado
o que fazer com essa dor que ficou em mim.

Arruda Bonfáh

PRETÉRITO PERFEITO


Dois dias
e foi armada a confusão.

Nem idéias estúpidas se moveram
nem as fortes tensões,
interromperam um só pensamento.
Nem as explosões salvaram o mundo
só a vida justifica o fim de todos vocês.
Se nada se entende...
- O amor não vem de forma fácil !


(Cibele Camargo - do Livro "A Vida Além da Sua")

terça-feira, 10 de novembro de 2009

PAI NOSSO - porque há crianças... -


Pai nosso, Pai de toda a criançada,
estás longe no céu, por qual razão?
Te assusta tanta vida aniquilada,
Te agride ver a infância sem ter pão?

Do céu, ouves a mãe desempregada,
que implora por Tua Graça e Compaixão,
pra que a família seja alimentada
e os filhos tenham teto e educação?

Escutas a menina que é estuprada,
gritando de terror, dor, solidão?
E o jovem, cuja vida é ameaçada,
pra que seja, do tráfico, avião?

Tens visto que há criança escravizada
e, por salário, só ganha um tostão?
E aquela, que a chuva deixa assustada,
pois teme vá ao chão seu barracão?

Pai nosso, tanta coisa está errada...
Falta respeito, falta proteção...
Deixa, um pouquinho só, Tua morada,
vem cá, os filhos Teus estão sem chão!


Patrícia Neme

M@ria

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Eu sem você:


O sol sem a lua.
O inverno sem o frio.
O verão sem o calor.
A primavera sem as flores.
O outono sem o cair das folhas.
O mar sem os peixes.
O pomar sem os frutos.
A música sem a orquestra.
O poeta sem a poesia.
A tela sem o pincel.
O arco-íris sem as cores.
O amigo sem a amizade.
O Criador sem a criatura.


Sol Pereira

M@ria

O Retorno


Suavemente o sol se despede
Bocejam casuarinas sonolentas
O dia anuncia a chegada da noite
E elas chegam antes do brilho do luar
Com a brisa suave sempre a cantar.

No vai e vem dos finos e longos galhos
Elas se acomodam... Aquietam
Minutos sobem outros descem
Numa sinfonia de ruídos... Alegres
Parecem que não vão agüentar.

Mas elas não param de chegar
Lindas... Leves como plumas a voar
Uma atrás da outra... Enfileiradas
Organizadas sem sequer atropelar
Prontas para repousar
Em suas camas iluminadas pelo luar.

Simplesmente peraltas... Elegantes
São as garças a se deitar
Talvez o tempo esteja a mudar... Quem sabe?
Mas mesmo assim elas retornam... Ao seu lar!
É da janela que assisto a tudo isso
Contemplando com um simples olhar!


(Cláudia Vidinhas)

M@ria

sábado, 7 de novembro de 2009

SOBERANA LUA


Faces e faces dita-me, ó lua
Tão soberana boiando no céu
Prateia meu mar de alma nua
Retira, toda noite, meu véu

Sob tua luz derramo a essência
Em versos de estrelas tão claras
Dito as fases da pré-existência
Da tua beleza; pérolas tão raras

Lua, soberana dama da noite
Teu brilho é furto do astro-rei
Amante do sol; amor de açoite
Em tuas fases sempre morarei..


(Lena Ferreira)

M@ria

Flores


A flor, gesto delicado,
surgiu da terra, cresceu.
E quando passaste ao lado
vi que a ti se ofereceu.
Tiraste a flor com cuidado
sob um céu cheio de cores,
e ao passares ao meu lado
senti ambos os odores,
e entendi, extasiado,
que agora eram duas flores...


Théo Drummond

M@ria

Que importa?

Eu era a desdenhosa, a indiferente.
Nunca sentira em mim o coração
Bater em violências de paixão,
Como bate no peito à outra gente.

Agora, olhas-me tu altivamente,
Sem sombra de desejo ou de emoção,
Enquanto as asas loiras da ilusão
Abrem dentro de mim ao sol nascente.

Minh'alma, a pedra, transformou-se em fonte;
Como nascida em carinhoso monte,
Toda ela é riso, e é frescura e graça!

Nela refresca a boca um só instante...
Que importa?... se o cansado viandante
Bebe em todas as fontes...quando passas?

(Florbela Espanca)

RMoon

Doce Certeza


Por essa vida fora hás-de adorar
Lindas mulheres, talvez; em ânsia louca,
Em infinito anseio hás de beijar
Estrelas d´ouro fulgindo em muita boca!

Hás de guardar em cofre perfumado
Cabelos d´ouro e risos de mulher,
Muito beijo d´amor apaixonado;
E não te lembrarás de mim sequer...

Hás de tecer uns sonhos delicados...
Hão de por muitos olhos magoados,
Os teus olhos de luz andar imersos!...

Mas nunca encontrarás p´la vida fora,
Amor assim como este amor que chora
Neste beijo d´amor que são meus versos!...


Florbela Espanca

M@ria

PÉTALAS?


Insisto em encontrar a estrela que apagou
Simplesmente chorou pétalas de flor
E resolveu adormecer distante.
Onde? Não a vi...
Caminhei pela areia, pés desnudos
E deparei com vestígios mudos.
Minha estrela caída, jazia
ao chão...
Mesmo assim percebeu meu perfume, cintilou carinhos
E suspirou enfim
Baixinho

Em minhas mãos a acolhi
Havia em si
Pétalas de mim...


Iveti Specorte

M@ria

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Quero-te



Quero-te
como se fosses água
em tardes em que o suor
molha a roupa
como se fosses ar
necessário, vital

como se querem os rubis
e as ametistas
ou as mansões em ilhas paradisíacas

quero-te de um jeito
que nem o sei bem
mas sei que só
há uma maneira
de querer tanto...
Amando-te.


(Sirlei L. Passolongo)

M@ria

O CANTO DO VENTO


vejo descortinar-se o grande
véu escuro que se adentra ao mar.
O açoite do vento,
o lamento do tempo,
o desafio de um vazio,
e feridas a curar...
No desequilíbrio do grande silêncio,
um sussurro a gritar.
Um murmúrio que geme,
uma mão que se estende,
uma voz a cantar...
E o breve brilho dos meus olhos,
buscam a um cais chegar.
Sem porto e sem norte,
vagando na sorte,
naufrago na morte,
que o tempo esqueceu de apagar!


o. Vasconcelos

M@ria

Poema

Imprimo no poema as minhas letras tatuadas,
letras vadias,
andarilhas,
ciganas sem baralhos
Imprimo a letra da poesia por dentro do ventre
e dentro das gavetas, à chave
Do poema, apenas imploro um olhar cheio de desejo,
que já sou lua
ou nem sei quem sou
Pássaro colorido o poema que voa
por sobre os céus da minha cabeça,
por sobre o céu da minha boca
E lá vou eu, mastigando as letras,
mastigando a palavra que nunca te disse,
passando a língua molhada em cada verso
de amor ou tristeza,
engolindo cada sílaba
como se sorve bebida, homem,
flor ou criança
Bandida, a poesia
que dorme e acorda morta de sono
e não me deixa dormir
e não me deixa viver
e não me deixa
Vem o poema e aperta o gatilho
e me fere no peito e me mata,
e me deixa mais tonta,
mais louca que sou
E te aceito assim, te quero assim,
poema de todas as formas
como bicho, vida, sol e chão

(Valéria Braga)

RMoon

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

MULHER


Apenas e tão somente...
Alguém presente...
Musa silente...
Meu poema em mente!
Ser superior...
Duto de amor...
Canteiro em flor...
Sonho a supor!
É assim que te vejo...
Mais que um desejo...
Paixão ou beijo...
Apenas almejo...
Falar-te em poesia!
Levar-te alegria...
Teu coração em folia...
Tal qual maresia...
E eu a te amar!


Santaroza

M@ria

Sou a Poesia

Sou seu sol
Sua lua, o vento
Ou mesmo a brisa mansa
Que suaviza no oportuno momento.

Sou seu sonho, seu pensamento
Sou alguém, algo
Sou parte de seu sentimento
Aquela que chega à ocasião certa
Mesmo sem hora marcada
Quando se sente descoberta
Precisando de uma palavra
Estou sempre a calhar

Te acalento, te tento
Provoco paz
Levanto perguntas
Ou dou-te respostas.
Deixo-te mais feliz
Dou-te palavras para seu dia,
Sou sua declamação
Quando as palavras não vêm
Ou quando elas voce não tem
Para declarar seu amor.
Sou sua emoção,
Sou a poesia.

(Ataíde Lemos)

RMoon

terça-feira, 3 de novembro de 2009

carinhos alados


as tuas curvas são melodias sonóricas
que esse meu coração oscila ao pulsar
e a invandir sensualmente as bocólicas
notas musicais pautadas no doce amar

despetalado e nos enchendo de glórias
semeadas pelo teu amor a me sussurrar
palavrões diatônicos mudando a história
de nossas vidas velejadas na brisa-mar

causando ciúmes amádos, despetalados
os seios da rosa espinhando o meu amor
totalmente sangrado, terno e desarmado


pelas operetas e pelos carinhos néctados
nos beijos roubados pelo cisne, beija-flor
Eu velejo tuas ondas. Eu, teu cavalo alado.


Sérgio, Beija-flor-poeta

M@ria

Margem


Tudo o que brilha na noite,
colares, olhos, astros,
serpentinas de fogos de cores,
brilha em teus braços de rio que se curva,
em teu pescoço de dia que desperta.

A fogueira que acendem na floresta,
o farol de pescoço de girafa,
o olho, girassol da insónia,
cansaram-se de esperar e perscrutar.

Apaga-te,
para brilhar não há como os olhos que nos vêem:
contempla-te em mim que te contemplo.
Dorme,
veludo de bosque,
musgo onde reclino a cabeça.

A noite com ondas azuis vai apagando estas palavras,
escritas com mão volúvel na palma do sonho.


Octavio Paz

M@ria

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Poema das Sete Faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus,
pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos , raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo,
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

(Carlos Drummond de Andrade)
RMoon

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Bruxa...Graças à Deus!

Sou bruxa, sim
e daí?
sou mulher, corajosa
que pensa,
que luta
que adora ser Bruxa!
Bruxa de vassoura,
sem vassoura,
que viaja na abóbora,
de avião,
na internet,
no chevete.
Não importa,
sou bruxa,
sou mulher
sou bruxa que tem fé
bruxa que acredita,
na vida
na mutação,
na transformação.
Bruxa que que ama,
por isto insiste
que na vida
sempre tem uma saída!!


(Antonia Aleixo)

RMoon

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Enlevo


A tarde se fez clara e morna
Antecipava delícias no fresco ar.

Todos meus sentidos diziam achar
Que Eu devia saber, voce ia chegar.

E veio assim sem permissão
Me senti suspensa, fora do chão
No peito um forte aperto no coração .

Quando me virei teus olhos alcancei
tantas palavras pra dizer mais calei.

Na hora do abraço em êxtase fiquei
A ternura e o encanto que sempre sonhei
existe sim entre nós agora Eu sei .

Corpo e alma num enlevo de se dar
nesta tarde morna docemente a nos amar.


Lete Dias

M@ria

Bebido o luar


Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.

Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.

Por que jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Por que o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver.


Sophia de Mello Breyner Andresen

M@ria

Entardecer

Sinto a noite chegando
E sei que ainda não fiz nada
Do que vim fazer aqui

Tenho aqui milhares de palavras
A espera de serem ditas
Energia explodindo em meu corpo
Pela tensão de coisas
Na eminência de serem feitas
Tenho uma urgência
Uma ânsia
Que sei que não me deixará dormir

O sol se esconde
E rompe dentro de mim
O arrependimento

De ter calado quando deveria ter falado
Ter deixado as lágrimas correrem pelos olhos
Quando deveria tê-las deixado vazar pela boca
Ter desistido quando deveria ter insistido
Ter mudado lá atrás os atalhos do caminho

Sei que deveria ter feito bem mais
Sei que poderia ter feito tudo melhor...
Mas a noite chega;
Encerra-se mais um dia

Amanhã!...
Amanhã
É mais um dia pra acertar
Com certeza: Não cometerei mais os mesmos erros!

(Victtoria Rossini)
RMoon

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Continua, menina!


O céu que veio a noite,
vagando entre nuvens,
viu-te com assombro,
tamanha era solicitude
no seu olhar... marejar
os castanhos e luminosos
ráios, faíscas de amor...
A noite trouxe teu íntimo,
não acordas-te de madrugada
já quando ia a lua embora,
acordas-te quando já ia a vida,
mundo afora... e agora?
Continua menina, continua.
pois a vida é tua...
e arde o desejo de viver...


Arruda Bonfáh

M@ria

Sentidos


O meio termo já não me satisfaz.
Nem pessoas máximas vazias
Nem as ínfimas cheias de mais.
Se por isso me sentencias
Se não me compreendes mais
Digo-te novamente:
É a essência que busco!
Um coração cheio de gente
E não gente cheia de razão.
Quero a carne o osso, a alma
Quero tudo intensamente.
Quero dessa louca vida calma
Desde o fruto
Até a semente!


Carolina Salcides

M@ria

Soltei palavras ao vento...
Palavras soltas como
Pássaros de asas abertas
Que não possuem destino,
Nem desatino, apenas pulsam em vôos livres...
Pois que voem livres as palavras,
Que ecoem em canções e gemidos.
Em pranto e prece, até que se calem
Todas as feridas, todas as iras...
Que a palavra finalmente expressa,
Seja livre, doce e calma
Definitivamente liberta, pois...
Hoje quero esta calma,
Azul e mar,
Sono e cama,
Silêncio e carinho...


Sonia Schmorantz

M@ria

segunda-feira, 26 de outubro de 2009


"Me ajuda que hoje eu tenho certeza
absoluta que já fui Pessoa ou Virginia Woolf
em outras vidas, e filósofo em tupi-guarani,
enganado pelos búzios, pelas cartas,
pelos astros, pelas fadas. Me puxa para fora
deste túnel, me mostra o caminho para baixo
da quaresmeira em flor que eu quero encontrar
em seu tronco o lótus de mil pétalas do topo da minha
cabeça tonta para sair de mim e respirar aliviado e
por um instante não ser mais eu, que hoje não
me suporto nem me perdôo de ser como sou sem solução".


Caio Fernando Abreu

M@ria

Dá me a tua mão


Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.

De como entrei
naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.

Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio.


Clarice Lispector

M@ria
Mandaste-me dizer,
No teu bilhete ardente,
Que hás de por mim morrer,
Morrer muito contente.

Lançaste no papel
As mais lascivas frases;
A carta era um painel
De cenas de rapazes!

Ó cálida mulher,
Teus dedos delicados
Traçaram do prazer
Os quadros depravados!

Contudo, um teu olhar
É muito mais fogoso,
Que a febre epistolar
Do teu bilhete ansioso:

Do teu rostinho oval
Os olhos tão nefandos
Traduzem menos mal
Os vícios execrandos.

Teus olhos sensuais,
Libidinosa Marta,
Teus olhos dizem mais
Que a tua própria carta.

As grandes comoções
Tu, neles, sempre espelhas;
São lúbricas paixões
As vívidas centelhas…

Teus olhos imorais,
Mulher, que me dissecas,
Teus olhos dizem mais,
Que muitas bibliotecas!

(Cesário Verde)

RMoon

Estou aqui
apenas para uma visita breve
sem passaporte ou bandeira.

Sem limites... sem identidade.

Me deixando espalhar em pétalas
para que meu suave perfume um dia seja saudade.


(Rosy Moreira)

M@ria

Porque Era Ela, Porque Era Eu


Eu não sabia explicar nós dois
Ela mais eu
Porque eu e ela
Não conhecia poemas
Nem muitas palavras belas
Mas ela foi me levando pela mão
Íamos todos os dois
Assim ao léo
Ríamos, choravamos sem razão
Hoje lembrando-me dela
Me vendo nos olhos dela
Sei que o que tinha de ser se deu
Porque era ela
Porque era eu


Chico Buarque

M@ria

sábado, 24 de outubro de 2009

Amo!


Amo a terra! Amo o sol! Amo o céu! Amo o mar!
Amo a vida! Amo a luz! Amo as árvores! Amo
a poesia que escrevo e entusiasta declamo
aos que sentem como eu a alegria de amar!
Amo a noite! Amo a antiga palidez do luar!
A flor presa aos cabelos soltos de algum ramo!
Uma folha que cai! Um perfume pelo ar
onde um desejo extinto sem querer inflamo!
Amo os rios! E a estranha solidão em festa,
dessa alma que possuo multiforme e inquieta
como a alma multiforme e inquieta da floresta!
Amo a cor que há nos sons! Amo os sons que há na cor!
E em mim mesmo, – amo a glória de sentir-me um Poeta
e amar imensamente o meu imenso amor!…


José Guilherme de Araújo Jorge

M@ria

Ternas mãos


No olhar, o brilho traz a emoção,
desperta a sintonia do sentimento,
tomba a dor que existia em vão,
torna a luz destes pensamentos...

Se tão pouco sei de mim próprio,
em poemas, as respostas busquei.
Ainda nada explica este colóquio
dessas tantas coisas que nada sei...

É o certo, o que mais me fascina,
não aquelas imagens esculturais,
o padrão de uma beleza feminina.

Desproteja-se. Vejo, nada mais,
que, em seu olhar, toda a doçura,
e de suas mãos toda essa ternura...


Oswaldo Genofre

M@ria

Oferto Flores


Hoje pensei trazer flores
para enfeitar seu dia,
deixar alegria em sua vida
dar-lhe um pouco de carinho.

Rosas para mostrar minha amizade,
brancas, amarelas e as rosas,
pois são puras como a Mãe Maria.

Flores de muitas cores para ver o seu
sorriso, flores para aquecer seu coração,
flores que falem por mim,
que gritam minha gratidão.

Muitas flores ou um ramo,
oferto com todo carinho,
mostro meu sentimento
ofertando o meu abraço.

Receba estas flores!
Fui ao campo colher,
é a mais pura amizade
para ver seu sorriso nascer!


Marta Peres

M@ria

Mulher ao espelho

Hoje que seja esta ou aquela,
pouco me importa.
Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta.

Já fui loura, já fui morena,
já fui Margarida e Beatriz.
Já fui Maria e Madalena.
Só não pude ser como quis.

Que mal faz, esta cor fingida
do meu cabelo, e do meu rosto,
se tudo é tinta: o mundo, a vida,
o contentamento, o desgosto?

Por fora, serei como queira
a moda, que me vai matando.
Que me levem pele e caveira
ao nada, não me importa quando.

Mas quem viu, tão dilacerados,
olhos, braços e sonhos seus
e morreu pelos seus pecados,
falará com Deus.

Falará, coberta de luzes,
do alto penteado ao rubro artelho.
Porque uns expiram sobre cruzes,
outros, buscando-se no espelho.

(Cecília Meireles)

RMoon

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Somos como as estações


Tem horas que os sentimentos
Passam por determinados momentos
Como se fossem cobertos pela sombra
Nos provocando certa escuridão
Que faz chorar o coração.

É como se a alma sentisse frio
Provocando intensos calafrios
Despertando uma carência
Pela saudade, pela ausência
Qual o motivo
Nem mesmo sabemos.

Nestas horas o sol perde o brilho
A flor mesmo bela não encanta
Nem o perfume dela se sente;
Nem mesmo a beleza presente
É capaz de transformar
A alma que está a chorar.

Como as estações
Assim são nossas emoções
Hora vivemos primaveras
Em outros longos verões
Porém também intensos invernos
E outono em outros momentos.


Ataíde Lemos

M@ria

Saudade de você...


Quanta algazarra a saudade me faz
Dói tanto que não me sinto em paz
Usa e abusa da minha sensibilidade
Choro e vem à tona toda fragilidade.

Saudade de um amor impossível
É sempre presente, inesquecível
No tempo que separa e atormenta
Fere o coração que já não agüenta.

Quantas lembranças à saudade me traz
Pessoas importantes que não vejo mais
Do valor que com amor me passaram
Na semente plantada se eternizaram.

Saudade também das minhas amizades
A vida fez distância e bate a saudade
Vínculo forte nunca me fez esquecer
Saudade maior é a que sinto de você.


Marisa de Medeiros

M@ria

Bordado Vivo

És uma música que vem ao mundo
despreocupada e inocente das partituras
ecoando ainda nos lábios adocicados dos ventos
que como o bordado vivo de um lençol
habitasse primeiro a correnteza do sangue
por onde explodem em melodia
tanto os sinos como a Filosofia

A tua incandescente luz atravessa
o fechar das pestanas as sombras
dos que têm o coração pequeno
e encantas qual caleidoscópio
aqueles que sabem florir
como os minúsculos pingos
no arco-íris depois das chuvas

És criança vestida de versos
nas páginas projetadas nos tetos
por onde viajam os meus olhos
por repetidas vezes
e eu te acaricio e endeuso
para repetir a minha única jura
- serás a fênix

Porque a tua sina entremeia-se
pelo impulsionar silencioso
das asas de um pássaro
no seu bater cadenciado
que os olhos não podem alcançar
para te levar comigo
como já levo
em transparente segredo
sonhando o dia em que resplandecerás
como girassóis no jardim da casa
e na seda do travesseiro
onde enfim eu descansarei
sorrindo
pela Poesia

(Cissa de Oliveira)

RMoon

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Anoitece


Brisa calma do mar
Sua música nos embala
No toque do violão
Sinto Meu Corpo em tuas mãos
Sua voz ecoa em minh’alma
Os olhos fecham e viajo
O cenário vira um quadro
O pôr do sol
A música no ar
Os olhares se cruzam
Bocas cálidas se encontram
O balé se forma
Dançamos o som dos corpos
Ouvimos a música da Alma
Cantamos ao som do prazer ...!!!


Lete Dias

M@ria

A musa e o poeta


No mar procurei inspiração
Nas ondas que quebravam em mim
Na cachoeira mergulhei meus desejos
Nas matas embrenhei em fim...

Perdi-me de desejos
Busquei na imensidão do céu
Alguma coisa que me inspirasse
E nas núvens,cinza, o véu...

Cinza, minha inspiração
Chumbo, meu coração
Fiz-me acanhado poema
Sem amor, sem emoção

Nos vãos das folhas que caem
eis que vejo um rosto
Era sua face rosada
Luz que encheu-me de posto.

Assim que vi me encantei
Sem saber, seu nome gritei
Nas matas seu nome ecoou
Musa! Em ti me inspirei!


Mando Mago Poeta

M@ria

Entrego-me

Entrego-me em tuas mãos
Seja dona do meu coração
Faça dele o que bem quiser
Dou-te tudo que puder
Sem reserva e sem pudor
Entrego-me ao seu amor.

Deixa que seja seu mar
Nele quero navegar
Ser sua flor preferida
O perfume de sua vida.
Quero ser o ar que respiras
A canção que te inspira.

Deixa ser o prazer de seu beijo
Estar no seu intimo desejo
Como um toque de magia
Realizar ocultas fantasias
Ser o calor que te aquece
O prazer que te enlouquece.

Ah! Entrego-me e deixo tudo ser
Para que de ti possa pertencer
Ser a ilusão e realidade
Que completa sua outra metade
Que te faça feliz plenamente
Em todos sentidos inteiramente.

(Ataíde Lemos)

RMoon

terça-feira, 20 de outubro de 2009

EU ESCREVI UM POEMA TRISTE


Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!

Mario Quintana

M@ria

Poeta?!


Da-me tua mão?
Tira-me dessa escuridão
que se chama desamor.
Arranca do meu peito a dor
que me dilacera o coração!
De tristeza ando cansada...
Ensina-me a flutuar?
Mostra-me teu mundo mágico,
onde o amor existe e eu sinta
o que é ser amada!

Poeta?!
Sonhe comigo meus sonhos?
Vamos!
Lá o amor se deixa ser visto
e a felicidade também existe.
Sonharei que serei única
e com um beijo teu
esquecerei que sou triste...

Poeta?!
Peça ao amor que desperte
em mim o prazer adormecido.
Diga a ele que existo
e que me recuso partir
sem antes te-lo conhecido.

Quero apenas senti-lo,
_ que seja apenas por um dia...
E viverei o resto da vida
acreditando que o amor
existiu pra mim
e que não era utopia!...


(Ginna Gaiotti®)

M@ria

A ÚLTIMA TAÇA


Estou andando no rumo da saudade,
Na qual tudo se despede, fatalmente
Sem pretensão, mas definitivamente,
Pois traz consigo uma nova realidade.

Ergo sem medo a última taça do desejo,
Pois finda aí, sem mágoa, toda a ilusão,
A mesma que bordou em meu coração,
O sonho, que ora se esvai sem um beijo.

Da rosa vermelha que retrata a paixão,
Com a pomba branca, num eco de paz,
Junto à taça de rosa, segurada na mão,

Mostram o duplo mistério, mas pertinaz,
E quando desfolhada, estirada pelo chão,
Para quem já não pode se mostrar capaz.

Marco Orsi



M@ria

OBSOLETA


.
Dos versos que te fiz, restaram poucos
Alguns já desbotados pelo tempo
Já nada falam; mudos, cegos, loucos
Debatem-se nas gavetas, sufocados
.
Das letras que eram quentes, nada resta
Hoje são cinzas; frias, ásperas e amargas
Nada mais dos rumores de vida em festa
Nada além de rotas frases engasgadas...
.
Do verbo que ergueu a nossa vida; nada
Nada mais restou; de pé, nenhuma letra
Nossa história, por completa, apagada
Nossa poesia, fragmentada, enfim obsoleta...

.
(Lena Ferreira)

M@ria

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Inconstância

Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer...
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando...

(Florbela Espanca)

RMoon

domingo, 18 de outubro de 2009

VERSOS...


Os versos em revoada
Faz no coração a pousada.
Tira a dor e a tristeza.
Mostra o amor como fonte de fortaleza!

Versos e belas rimas
No peito eleva a estima.
Converte em canção;
Uma feliz satisfação!

Versos que nascem e inspiram poesias
No amanhecer ou entardecer do dia.
Percorre e anuncia a felicidade.
Para ser do amor a realidade!

Versos que mandam sonhar
Viver e os realizar.
Pede fé e paciência;
E uma pacífica vivencia!

Versos declamados
Aplaude o êxito conquistado.
Coloca o amor em primeiro plano.
É o assunto do cotidiano!

Versos de paixão
Dança no coração;
De mão dada com a emoção... Infinita.
É o complemento que o amor possibilita!


Hortência Lopes

M@ria

“AMOR PELOS CORREIOS”


Eu hoje acordei,
Sem ter o que fazer...
Peguei lápis e papel,
E comecei a escrever...

Queria lhe enviar,
Uma carta de amor...
Mas que tivesse meu cheiro,
Também meu sabor...

Foi difícil de fazer,
Mas descobri um jeito...
Era mais uma loucura,
Mas nem tudo e perfeito...

Larguei o papel,
E em meu corpo escrevi...
Fui aos correios,
E me despachei para ti...


RAUL DIAS

M@ria

ARCO-ÍRIS


Os meus olhos ficam deslumbrados
Quando vejo um arco-íris no céu
Deixando belos rubis crivados
Pincelando suas cores num véu

Anunciando no ar a calmaria
Depois de cessada a tempestade
Os pássaros em sua romaria
Voam felizes com a liberdade

Faço meu vôo nas asas do vento
Com meus pensamentos coloridos
Entoando uma canção no momento
Vou em busca dos sonhos perdidos

E na beleza das emoções
Com minha aquarela vou pintando
Uma bela tela com lições
Que na trajetória vou celebrando


Neneca Barbosa

M@ria