Visitem nossos Blogs

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Hoje


Hoje
não sou as margens que te enlaçam como ninfa mareante,
a vogar arrebatada, nua e pura, sem miragens
na corrente do teu rio cristalino,
nem a água que corre sagaz
na pele do teu corpo ainda moço.

Hoje
não sou o olhar atrevido à janela da tua procura
no fundo chão da verdade, nem gesto de pássaro errante
na tua rota aparente de gazela perdida,
a viajar acordada na distância que te aparta de mim.

Hoje
não sou fome nem sede, alvoroço, desejo ou ardor.
Muito menos o bombeiro incendiário
do teu acirrado fulgor, ou mente de boca insana
que percorre, consistente, a carne dos teus loucos segredos.

Hoje
sou o silêncio que escuta na concha o mar do teu grito,
sou o sussurro do vento sem distâncias que te enroupa de concórdia,
sou o murmúrio da chuva miudinha
que te chama para a margem certa num rio de janelas luminosas.

Hoje
sou o teu amo, o teu escravo, sou o recato escondido
do teu segredo encontrado.

(Nilson Barcelli)

Nenhum comentário: